segunda-feira, 13 de junho de 2011

Regulamentar a Profissão de Tutor

Primeiro ponto específico para discutirmos: a necessidade de regulamentar a profissão de tutor, ou algo nessa direção. A Carta de João Pessoa diz:

Um dos pressupostos que fundamenta este documento é que o exercício da docência, independente de ser presencial ou à distância, está inserido nos princípios da educação, segundo a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96.


E mais à frente:

Consideramos ainda que a docência em todos os âmbitos já está regulamentada como profissão de professor, por isso é essencial a participação de sindicatos e outras entidades representativas de professores nesta mobilização.

Nossa posição é que a profissão de professor já é regulamentada, existem sindicatos e outras associações que representam a categoria, e como o tutor exerce uma função de docência, não faria sentido regulamentar sua atuação como uma profissão distinta, o que não só levaria à divisão da categoria, como também ratificaria a exploração a que boa parte dos tutores é submetida no Brasil, com salários muitíssimo inferiores aos dos professores presenciais, muitas vezes sem registro, direitos trabalhistas etc.

Se concordamos com isso, como a redação da Carta poderia ser mais enfática, no sentido de deixar clara a nossa posição?

9 comentários:

  1. Olá!

    Espero poder contribuir...são apenas indagações...

    "Tutor é um Professor." Logo, precisa ter formação compatível com o nível da atuação.
    Ainda temos graduandos bolsistas atuando como tutores em cursos de Graduação e pós? Se *positivo* e a legislação impedindo, isso não precisaria ser requerido?

    Sendo o Tutor um professor e considerando que deve seguir as exigências da LDB, como fica os professores especialistas de outras areas, sem formação em Metodologia para o Ensino Superior, atuando como Tutores? Ou agora todos os cursos já oferecem??? Havendo, não seria o caso de se pensar um modo de *reconhecimento* e/ou *validação* para os que construíram os saberes e competências necessários a atuação na modalidade e o estabelecimento da obrigatoriedade de curso para os entrantes?

    De outro lado, tendo que diferem os saberes e competências do Professorar Online, não seria bom o estabelecimento de critérios para a validação da atuação daqueles docentes na EaD, não tendo Curso específico para atuar na modalidade?

    Se em Cursos Livres tem profissionais atuando como tutores, sem a formação devida e alguns nem professores são, não seria o momento de se rever a situação e pensar em *como* avaliar e *cabendo* validar a qualificação destes profissionais?

    Era isso. Aguardo! []'s! Paula Ugalde

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  2. Concordo que a função do tutor é inferiorizada se comparada com a dos professores.
    É o tutor que interage efetivamente com os alunos, estuda todo o conteúdo, sana as dúvidas que venham a existir, dá retorno às atividades enviadas pelos alunos. E, mesmo assim, tutoria não é considerado um trabalho, reconhecido.
    Claro que o professor cria o conteúdo, faz seu trabalho, porém, para haver aprendizagem é preciso interação e esta se dá, grande parte das vezes, exclusivamente pelo tutor...
    E aí indago? Com qual dos profissionais envolvidos os alunos têm mais contato e recorrem quando precisam?
    Espero ter contribuido, ou trazido mais indagações para refletirmos...

    Frankiele Oesterreich

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  3. Na instituição que atuei como tinha tutores que não eram professores, porém tinham feito licenciatura. Acredito que deveria constar no documento esse requisito da experiência como professor, principalmente nos cursos de nível superior. E nessa instituição tem momentos presenciais, o que reforça a necessidade de experiência. Com esse requisito, acredito ser mais fácil profissionalizar o tutor.

    Adriana Alves Moreira dos Santos

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  4. Olá Queridos..

    Contribuindo ao debate, atuo também a uns 4 anos em tutoria e percebo que o trabalho do tutor é algo que precisa ser repensado, uma vez que como colocado ele atua basicamente como o docente da disciplina, pois suas atribuições vão além de orientações, mas são os mesmos que viajam para dar as aulas relativas aos conteúdos trabalhados na disciplina, são eles que dão a cara a bater nestes momentos. Falo neste sentido, pois em minha experiência vi tutores que não tinham a capacitação necessária ou experiência para tal e acabaram que por serem constrangidos pelos alunos, os quais questionavam suas colocações, pontuavam erros de orientações e isto é sério demais.Como podemos legitimar uma educação a distância, que a tanto vem galgando ascender e desprender dos esteriótipos de educação inferior com profissionais que atuam e não estão qualificados para tal? E como angariar profissionais de experiência e qualidade se o tutor nem é visto como um professor? São questões que precisam ser pensadas...

    Espero ter contribuído ao debate...

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  5. Todos estão contribuindo muito, é claro. Demorei alguns dias para lançar um segundo post, para que este amadurecesse um pouco com os comentários. Mas ele continua aberto.

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  6. Olá,

    Gostaria de comentar alguns pontos colocados, a saber:

    Frankiele, o que colocas sabemos que procede em várias instituições, do tutor ser considerado menos competente que o professor e isso, ainda que seja um professor e tenha formação para atuar em Educação Online. Da mesma forma - diria que *em geral* "É o tutor que interage efetivamente com os alunos, estuda todo o conteúdo, sana as dúvidas que venham a existir, dá retorno às atividades enviadas pelos alunos.", porque isso depende do modelo de tutoria de cada instituição e opino, ainda da postura professoral de cada um. Cito o exemplo como cursista há alguns anos em um curso praticamente broadcast, onde os alunos precisavam apenas *baixar* os pdfs, estudar para as provas objetivas e postar qualquer coisa no *Fórum de Trocas*, para o sistema *computar* e que acredito sequer era lido, pois haviam várias paráfrases de trechos do texto, que nem dialogavam com a provocação proposta e passavam. Os *tutores* [e professores com mestrado e até doutorado, passavam [passavam?]de vez em quando postar um comentário genérico, que não dialogava com as ideias e entendimentos dos cursistas... Pareciam comentários robotizados planejados para serem postados em nome do professor tutor.

    Mas tinha *um* tutor diferente: pedagogo, especialista em EaD, iniciante na modalidade mas que era mais importante para os cursistas do que os veteranos. Se *importava* com os alunos, demonstrava *desejo* de ve-los avançar, dialogava, inferia no fórum ou e m off. Tinha uma colega entrava e ficava tempão no ambiente mas nada escrevia. Comentei com a professora *por acaso*... Desconfiava que eram dificuldades tecnológicas. Derepente começou a participar e estava por dentro... deu show de entendimento. Um dia confidenciou que era tímida e se sentia ultrapassada tendo parado alguns anos e que nas trocas com a professora, com seus incentivos, conseguiu superar.

    Já quanto ao que afirma, sobre "o professor cria o conteúdo", também diria que depende da instituição. Algumas ainda encomendam cursos fechados, criados por professores autores. Algumas vezes, vemos os mesmos cursos serem repetidos ano a ano. Mesmo diante das mudanças, os cursos permanecem iguais. Este modelo de criação de cursos não considero adequados, porque dexcontextualizados. Ainda que seja aptoveitado parte de cursos passados, as mesmas precisam ser revistas com base nos alunos *reais* e nada melhor que o professor tutor para sinalizar as necessidades e em equipe, redesenharem o demandado.

    A interatividade que colocas é fundamental. Contudo, poderia avaliar que conheço poucos tutores e mesmo professores doutores que fazem isso bem.
    Vejo alguns muito atrelados a suas crenças... se a Andragogia diz que o aluno deve ser autônomo então a postura é esperar que *se acaso* o aluno pedir auxílio *talvez obtenha ajuda, orientação...o que precisar enfim... Até conversar com o professor para não se sentir tão solitário, como comentou a Professora Joelma.

    Compartilho algo que merece destaque na fala do Professor Litto, no encerramento: o fato que temos instituições reconhecidas por sua qualidade há anos, mas que se formos analisar a Educação Online oferecida, deixa a desejar. Comentou ainda que as instituições precisam *rever suas práticas*... E isso está imbricado as práticas dos professores e/ou tutores.

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  7. [continuando]

    Adriana, concordo porque entendi o sentido do que coloca: a necessidade do professor ter formação e competência para a função. Entretanto, penso que ficaria mais apropriado expressar de outro modo, pois se colocarmos o requisito *experiência* então não teremos novos tutores. Tudo precisa ter um começo. Se os recém formados não tiverem oportunidade de atuar *como* algum dia poderão comprovar tal experiência? E sabemos que vários entrantes surpreendem.
    Penso que aí entra uma *categorização* e avaliações - a exemplo dos professores presenciais. O que acham?

    Renata, fiquei pensando no depoimento e no que entendes por *constrangimento*? Porque os cursistas tem direito a um atendimento educacional de qualidade e que atenda as suas necessidades e se isso não ocorre tem direito de reclamar sim mas não deveriam ser *constrangidos*. Aí perguntaria - ainda que acontecesse: o que leva um aluno a *constranger um professor tutor*?
    Sei que tem casos e casos - mas será que o *constrangimento* não é resultado de *n* tentativas de diálogo, negociação, pedido de auxílio e outros não atendidos? Será que não é resultado de um resultado negativo ao final...tendo identificado e pedido ajuda ao tutor e nada conseguido? Não falo de alunos desinteressados, turistas, em busca apenas de um canudo...mas de cursistas realmente esforçados, interessados e dedicados...

    Vejo na atualidade duas grandes lacunas na formação de professores tutores, a compreensão do que significa professorar na era digital, na cibercultura, na web 2.0, onde o aluno não precisa de *informantes* mas de professores com outro perfil e aqui entra a segunda deficiência, a competência comunicacional, que possibilita ao professor tutor ter *escuta* ativa para perceber as necessidades dos cursistas. Temos muitas posturas questionáveis - mas óbvio que na educação em geral... Porém, estamos falando do tutor então foco nele.

    Tutor é Professor e precisa ter seus direitos reconhecidos! Mas a esses, precisamos estabelecer *competências* para termos parâmetros para avaliar.

    Pensamos da mesma forma *é muito sério um aluno constranger um professor* mas penso que é *mais sério ainda o aluno ter motivos para constranger um professor*... O que pensa disso?

    []'s

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  8. Muito interessante o comentário da Renata, pois é uma verdade, e fiz esse comentário anteriormente. O papel do Tutor, bem como sua formação, seu conhecimento deve ser bem desenhado para que situações constrangedoras não caiam sobre as cabeças dos Tutores.

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  9. Paula, entendo o comentário da Renata sobre constrangimento, pois muitas vezes o Tutor não possui conhecimento e competência suficiente para dialogar determinado conteúdo. É claro que o aluno quer alguém que consiga dirimir suas dúvidas e para isso está lá o Tutor. A formação do Tutor deve ser muito repensado.

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